24 julho
Disponível no Soundcloud do Rama em Flor
Gaiola com pombos oferecidos ao Brasil, 1959 (c) Arnaldo Madureira; Arquivo Municipal de Lisboa.
Pensar o poder é entendê-lo nas suas múltiplas formas. Atos como “incitar, induzir, desviar, tornar fácil ou difícil, alargar ou limitar, tornar mais ou menos provável” afirmam-se como expressões de poder, cujas violências se dissimulam em todas as suas materializações. Os espaços programados e pensados por arquitetus são atravessados por relações de poder. De maneira implícita ou explícita, forçam maneiras de atuar que refletem valores e modos de vida. Um espaço, tal como um discurso, nunca será um contentor neutro, devendo ser entendido como parte ativa na renovação e/ou perpetuação dos modos em que se dão as relações sociais.
Num passeio guiado pelo Bairro das Colónias, procura-se questionar as formalizações do poder e os modos de as (des)construir, utilizando a história como ferramenta para descodificar as violências do presente.
Carolina Carneiro (n. Portalegre, 1995) estudou arquitetura e completou o mestrado com a tese Arquitetura e práticas participativas - alternativa política ou tendência neoliberal?.
Depois de um ano a viver e estudar em Santiago do Chile, trabalhou como mediadora cultural no MAAT, museu para o qual é co-criadora do projecto museokupa.
Desde 2019, investiga e desenvolve projectos nas áreas da arquitetura, cidade e território com o ateliermob e a Cooperativa Trabalhar com os 99%, onde luta pelo reposicionamento e desconstrução das narrativas patriarcais, coloniais e heteronormativas que conformam a prática da arquitetura e a produção da cidade.
Ciclo Corpos no Espaço
Neste ano em que questionamos mais as relações de proximidade e empatia, aumenta a urgência do reconhecimento do outro, respeitando os tempos e os espaços de cada um. O retorno do corpo ao espaço faz-se caminhando, a solo ou acompanhades, ao ritmo que ditamos a nós própries ou deixando que vozes e experiências sensoriais exteriores a nós nos guiem ao que nos rodeia.
Conceito, concepção e narração: Carolina Carneiro
Convidado: Leandro Martins Arez
Pós Produção Som: Gonçalo Formiga
Produção: Rama em Flor
Excertos das Músicas:
• Piano Quartet No1 in G Minor K478, Mozart by Nash Ensemble (2011)
• Op. 30 - Songs Without Words, Book 2: II. No. 2 - Allegro di molto in B-flat minor, Felix Mendelssohn by Vassily Primakov (2010)
Este passeio começa junto à Igreja dos Anjos, na Avenida Almirante Reis, em Lisboa. A estação de metro mais próxima é Anjos. A sua criadora é Carolina Carneiro, que trabalha com arquitetura. Durante um pouco mais de 20 minutos podem acompanhá-la num passeio que procura questionar as formalizações do poder e os modos de as (des)construir, utilizando a história como ferramenta para descodificar as violências do presente.
Corpos no espaço é um novo projecto baseado numa ideia de arquivo não-normativo de experiências da cidade de Lisboa. Este ciclo irá desdobrar-se por várias zonas de Lisboa, através de passeios sónicos guiados por convidades de diversas áreas e temáticas - abarcando diversas disciplinas e problemáticas como arquitectura e opressão, a performance no espaço público, a violência urbano sobre corpos não-normativos, ou até outras formas sensoriais e sónicas de experienciar a cidade.