O fundo é só mais um lugar onde eu ganho impulso, por Gisela Casimiro

É terça-feira. Gisela Casimiro convida Marta Espiridião a uma caminhada pelos lugares que mais representam o seu percurso de autocuidado, alegria e poesia, fundamentais para a sua saúde física e mental. O percurso começa pela Piscina da Penha de França, recentemente reaberta ao público, num bairro com toponímia colonial, que pesa à comunidade racializada e imigrante que o habita. O trajeto segue pelo Miradouro da Penha, passa pela Graça e pelo Mosteiro de São Vicente de Fora, culminando na Feira da Ladra. O bairro antigo e de estimação, e o bairro novo de Gisela Casimiro cruzam-se assim nestes lugares de vista desafogada, gentrificados, porém ainda com recantos secretos. Tomar um tempo para apreciar as pessoas, os sons, fotografar e conversar, ressignificar a existência em vinte minutos.

Gisela Casimiro, nascida na Guiné-Bissau em 1984, é uma escritora, artista, performer e ativista portuguesa. Publicou “Erosão”, o seu primeiro livro, em 2018. É autora do texto e dramaturgia de “Casa com Árvores Dentro”, espectáculo encenado por Cláudia Semedo, e apresentado no Teatro Municipal Amélia Rey Colaço. Participou em exposições nas Galerias Municipais do Porto e Lisboa. Integra a Colecção António Cachola no MACE. É membro da UNA.

Conceito, concepção e narração: Gisela Casimiro
Convidada: Marta Espiridião
Pós Produção Som: Gonçalo Formiga
Produção: Rama em Flor
Poemas: Gisela Casimiro
Músicas gravadas por artistas de rua que não foi possível identificar. “Geni e o Zepelim” de António Zambujo ouvida de fundo.
Fotografia: Liliana Assunção
Com o apoio da Câmara Municipal de Lisboa

Como participar?

Este passeio começa na Piscina da Penha de França, na Calçada Poço dos Mouros 2. Não há uma estação de metro próxima, mas há vários transportes públicos que nos deixam lá como o autocarro 797 ou o elétrico 37B. Durante cerca de 40minutos, Gisela Casimiro abre-nos a porta da sua rotina diária pela zona da Penha de França e Graça. Poemas, sons da rua, conversas aleatórias e confidências, um passeio por uma zona gentrificada com ainda alguns recantos secretos.

Corpos no Espaço é um projeto com curadoria de Marta Espiridião lançado no Rama em Flor 2021 que procura a criação de um arquivo não-normativo de experiências da cidade de Lisboa. Este ciclo irá desdobrar-se ao longo do tempo, com uma periodicidade incerta, e no espaço pelas várias zonas de Lisboa, do centro à periferia. Procura-se desenvolver um acervo de passeios sónicos guiados por pessoas das mais diversas áreas, que procurem tratar as temáticas e assuntos que lhes são mais urgentes ou próximos. O convite é lançado a cada pessoa, coletivo ou entidade que tem liberdade de escolher o que mostrar e em que zona.